Em um sábado carioca, os irmãos mineiros se apresentaram para sete mil pessoas na Marina da Glória. Há nove meses não faziam um show no Rio de Janeiro, o que resultou em ingressos esgotados. O show aconteceria por volta das 23h, mas eles não aproveitaram a cidade no rápido dia que passaram nela.
Nada de Cristo, praia e sol. Tampouco queixas: ”A gente não fica reclamando da vida. Acho que tudo tem um preço, qualquer profissão que você exercer”, definiu Victor Chaves, em entrevista ao site CONTIGO!. Na conversa abaixo, os irmãos falam sobre a vontade de levar uma vida ”normal”, mas também da paixão e responsabilidade com o público. Victor ainda revela sua tática para driblar a curiosidade sobre sua vida pessoal
A rotina de vocês antes do shows é sempre igual?
Victor: Ela muda de acordo com a logística. Todo dia é uma história diferente, mas uma história que uma semana antes é pré-contada pela equipe.
Leo: Na verdade a gente não consegue ter uma rotina de programações durante a semana, o que seria muito bom. Sobraria tempo para malhar, para dar uma descansada, para almoçar… Hoje, por exemplo, a gente foi dormir oito e meia da manhã.
Fazer um show por dia, atrapalha a inspiração?
Leo: Sim, né Victor? No caso dele, que compõe, isso atrapalha muito. Nesta época do ano, de maio, junho, julho e agosto a gente tem uma agenda muito cheia de compromissos. Este ano estamos fazendo um CD. Isso complica muito para ter um tempo para se inspirar, para compor, principalmente para o Victor.
Victor: A gente não tem só a música como trabalho, tem outras atividades. Você também tem que exercer seu papel pessoal com a família, e isso toma tempo. Estamos tentando dosar um pouco a agenda e já percebemos que a questão da quantidade é muito inferior à qualidade.
Para o ano que vem, pretendemos dosar um pouco mais, para ter mais vida ao longo dos anos.
Vocês costumam levar a família quando viajam em turnê?
Leo: Quando eu tenho a oportunidade, levo meu filho e minha esposa. Porque eu os vejo muito pouco ao longo do ano. Gostaria de estar muito mais junto com eles, mas é difícil.
Victor: É muito raro. Muito raro. Dois shows num ano.
E vocês sentem falta deles no show?
Victor: A gente sente, mas se acostumou. Moramos em São Paulo muitos anos, distante da família, que ficou em Minas. Acho que você não perde a essência, não perde a necessidade, mas se acostuma.
Leo: Antes e depois do show a gente tem uma série de compromissos, então não sobra tempo para curtir com a família. E durante o show a gente está concentrado na energia, no público. Tem que ter muita concentração. Ali você está exposto a uma plateia e àquela hora vale tudo.
Quando vão a lugares como o Rio de Janeiro, têm vontade de ser turistas?
Leo: Muita vontade, eu tenho muita vontade! E acho que o Victor também. Eu sinto falta de conhecer restaurantes, pontos turísticos, as praias todas, de ir ao shopping. Sinto muita falta de ter uma vida comum.
E porque não podem fazer essas coisas?
Leo: Não dá para fazer. Falta de tempo e…
Victor: Privacidade também…
Leo: Quando você está em um programa de lazer, você não quer nada ligado ao trabalho, você quer descansar. A gente tem o maior prazer em atender todo mundo, nunca tivemos problema com isso. A gente atende, tira foto, dá autógrafo, sem problemas. Mas tem horas em que você quer um pouco de privacidade. Não dá para dizer: ‘Não, não vou tirar foto agora de jeito nenhum. Você me desculpe, mas eu vim aqui para curtir’. É lógico que a gente não faz isso, então, para evitar, a gente fica quieto no hotel.
E quando vocês viajam acabam indo para o exterior para evitar assédio?
Leo: Quando temos oportunidade…
Victor: Na verdade, a gente não evita o assédio. Não há como evitá-lo, digamos. Dá para você fazer outras coisas. Se você não pode malhar em uma academia aberta, gasta um dinheirinho e monta uma própria. Porque malhar é um negócio importante pra gente, questão de saúde, mesmo. Se você gosta de pescar… Você vai pescar na Amazônia, quando tem jeito. Não usa mais o pesqueiro, como a gente fazia. Para tudo tem um jeito. A gente não fica reclamando da vida. Acho que tudo tem um preço, qualquer profissão que você exercer. O importante é como você leva.
Leo: E o grande lance da vida é isso aí. Porque você lidar com situações que não te trazem desconforto algum é muito fácil.
E quando estão muito cansados, muito desanimados, o que os move a continuar?
Victor: A subserviência. O servir é o que move. É você pensar que está fazendo alguma coisa legal para quem está te assistindo. Então a gente está muito cansado às vezes, mas a responsabilidade de servir, e de usar seu trabalho para as pessoas, te dá força suficiente para continuar.
Leo: É exatamente isso que o Victor falou. Quando você faz um trabalho que se torna referência para as pessoas, aquilo é uma responsabilidade. Milhares de pessoas deixaram de fazer alguma coisa em casa, compraram ingresso para ir ali. Então encaramos isso como um compromisso e uma responsabilidade: subir no palco e arrancar sorrisos. Fazer valer aquela noite, para que as pessoas possam sair de lá melhor que chegaram.
As criticas atrapalham muito a carreira?
Victor: Eu acho que o crítico está sempre apontando para o espelho. Não existe quem possa falar do trabalho do outro. Você pode ter essa liberdade, mas o direito, não tem. O que atrapalha a carreira são os limites próprios. Quando você os supera, consegue mais felicidade. Não só na sua carreira, mas na vida pessoal também. Se alguém falar mal de você, e você der atenção, você quem está se atrapalhando. Se é o melhor o que você ofereceu, quem pode falar mal? Ninguém. Porque quem vai colher as coisas que você planta, é só você. Quem perde, perde sempre para si mesmo, não perde para os outros.
Leo: Concordo. Qualquer profissão vai ter espinhos. Mas se você não deixar, eles não vão te incomodar de forma alguma.
E os comentários sobre a vida pessoal, atrapalham?
Victor: Não atrapalham. Em diferentes momentos da minha vida eu aprendi: eu não devo satisfações pessoais a absolutamente ninguém. Com todo respeito que eu falo isso. Então, ao invés de eu dizer isso, as pessoas me perguntam: ”Victor, você está namorando?”, aí eu estou. Então eu digo: ”Não, estou solteiro”. Entendeu? Porque é muito mais fácil para mim, e para a minha namorada, que não vai ser interpelada. E se alguém disser assim: ”Você está solteiro?”, e por algum motivo eu não quero deixar aberta a porteira, eu falo: ”Não, estou namorando”. E quando perguntam com quem, eu respondo: ”Isso é um assunto pessoal”, e estou solteiro… Então é uma forma de driblar.
Fonte: Contigo
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